Escrever do meu sentir
“Escrever do meu sentir
Dos momentos vou passando
Por chorar ou por sorrir
Da vida que vou levando.”
(Jorge Rosa)
A pensar morreu um burro,
Não vendo as favas contadas.
Todo o ano é Entrudo
Com as burras aluadas.
Que coisas mal comparadas
Me vão tirando o sorrir
Ao meditar noite e dia
No que fazer e curtir,
Pelo que sinto o desejo:
Escrever do meu sentir.
Eu sou velho, já fui novo,
Tenho histórias por contar.
Já passei por muitas feiras
Que até posso apontar.
É no viver e matar
Que as danças vão mudando.
Acudir no sofrimento,
Bons desejos alcançando.
Pois devo lembrar de tudo,
Dos momentos vou passando.
Minha vida é uma teia
Que vai sendo enredada,
Onde aparecem os nós
Ou uma boa laçada.
Foi esta bem começada
Dum princípio, a partir,
Depois vieram as voltas
Que hoje me fazem rir.
Mas foram duras, por vezes,
Por chorar ou por sorrir.
Dou graças a Deus por tudo,
Donde estive, para onde vou,
Pois que fraco que eu seja,
Eu sou aquilo que sou.
Tudo o que eu tenho ou dou
É erva que vai fenando,
Alimento já maduro,
Para o Alto, caminhando.
Sou pobre mas sou feliz,
Da vida que vou levando!
Vila Real de Santo António, Nª Sª do Carmo 2010
O ‘Caldeira’, de Castelo Branco