Carta ao Pai Natal
São Pedro do Estoril, Agosto de 2010
Caro Pai Natal
(na nossa família estamos convictos que é o Menino Jesus que nos dá todas as prendas, e para o Menino Jesus não é preciso escrever cartas pois todos os dias Lhe rezamos com maior ou menor especificação – que por vezes é difícil de distinguir os papéis e respectivos estatutos entre as várias idades de Jesus e mesmo entre as pessoas da Santíssima Trindade – mas enfim, já que é um documento formal, dirijo-o ao pai natal que é, como todos sabemos, o director de marketing do Menino Jesus para as questões de prendas de natal).
Caro Pai Natal,
Espero que esta o vá encontrar de boa saúde a gozar do sol da meia-noite, aí na sua terra do Círculo Polar Árctico. Qualquer dia, se calhar, terá de mudar de casa por causa das mudanças climatéricas mas através do código postal penso que os correios encontrá-lo-ão na mesma. Já talvez não possa dizer o mesmo de mim pois o Ministério da Educação continua a tratar os professores contratados como se fossem soldados em manobras e deslocam-nos de cenário através de guias de marcha – amanhã apresente-se em tal sítio. Na realidade dia 30 de Agosto serão publicadas as colocações na net para cada um saber onde se deve apresentar dia 1 de Setembro (e voltamos à mesma, os que estiverem na lista deverão agradecer por esse facto pois milhares serão inscritos noutra lista, a dos não colocados).
Bom, moradas à parte, que os amigos sempre se hão-de encontrar (que mais não seja, pedindo ajuda à SIC que é especialista em achar pessoas perdidas), vamos ao que interessa.
Estando o Senhor encarregue de preparar as prendas a expedir pelo Orbe, venho solicitar que dê provimento à minha solicitação, que passo a expor:
Portugal precisa de viver em paz e com estabilidade económica e política para que PIB aumente e deixem de estar congelados os salários e a integração na carreira docente.
Será, porventura necessário tirar algum coelho da cartola através de passos de magia e abrindo ou fechando algumas portas, sendo até necessário engolir alguns sapos nalguma eleição. Mas veja lá se nos manda uma dose maciça de discernimento para que ganhem os melhores e não os mais narigudos (estou só a lembrar-me do Pinóquio).
Outra coisa importante a pedir é paciência para conseguir aceitar alguns alunos menos colaborativos com a vontade do ministério em passar toda a gente e que se habituaram a faltar por ‘dá cá aquela palha’.
Das outras prendas não lhe peço nada pois como referi atrás tenho um bom relacionamento com o Menino Jesus e Ele sabe tudo o que eu preciso. Sai sempre tudo certinho e direitinho.
Peço deferimento,
Nuno de Santa Maria