D. Pedro V, um jovem Rei e democrata
Que El-Rei D. Luís I me perdoe o ter confundido o seu retrato com o de seu irmão e antecessor, D. Pedro V.
Ao assistir em Lisboa à sessão nacional do Parlamento dos Jovens, na Sala do Senado e pensando que o majestoso quadro central era do jovem rei D. Pedro V, ‘o Esperançoso’, fez-me relacionar a feliz coincidência daquela sala cheia de jovens do século XXI a pensar no futuro da educação, um assunto que tão caro se tornou para este monarca tão novo que quase se poderia comparar em idade aos jovens participantes neste fórum.
Lembremos que D. Pedro V era o filho mais velho da Rainha D. Maria I e que viu a mãe falecer quando apenas contava 16 anos de idade, pelo que ocupou a regência do reino seu Pai, o rei consorte D. Fernando II. Neste período de dois anos , até atingir a maioridade e ser aclamado rei de Portugal, tanto o Príncipe Real como seu irmão, o Infante D. Luís, fizeram uma viagem de instrução e recreio pelas principais cortes europeias, com a finalidade de estudarem as novas tecnologias que se desenvolviam nos grandes países civilizados. Poderíamos dizer que os jovens príncipes fizeram um Erasmus com grande proveito para o progresso do nosso país.
Maugrado o azar deste reinado que começou com um surto de cólera, seguido de outro de febre amarela, foi este rei amado pelo povo, talvez em retribuição e respeito pelo amor que o monarca tinha tido para com os doentes e suas famílias, expondo-se denodadamente ao perigo de também ser atingido por contágio.
A cultura deste jovem rei, demonstrada tanto nos seus discursos políticos como em artigos de opinião e ensaios publicados na imprensa da época, era admirada e respeitada no país e no estrangeiro. A par da sua própria formação (ia por vezes assistir às aulas no Curso Superior de Letras) patrocinou à custa da sua própria lista civil tanto estes altos estudos literários como a primeira escola normal e o primeiro observatório astronómico e ainda escolas para pobres junto dos palácios de Mafra e das Necessidades. Criou alguns prémios literários para fomento desta arte e gostava de conversar com grandes políticos e letrados como Alexandre Herculano a quem muito admirava. Fomentou o desenvolvimento do país com o surgimento do caminho de ferro e do telégrafo e a adopção do sistema métrico.
A sua faceta humanitária foi igualmente demonstrada com “a promulgação de medidas de abolição de castigos corporais e da escravatura” e que levaram, seis anos após a sua morte, a que Portugal fosse dos primeiros países a abolir a pena de morte.
Sofreu a perda de sua esposa, D. Estefânia, pouco depois de um ano de casados e faleceu inesperadamente de uma doença infecciosa aos 24 anos de idade.
Aqui fica pois uma pequena homenagem a este jovem Rei português que sacrificou a sua vida pelo bem estar do seu povo. As suas bandeiras foram precisamente a saúde e a educação, problemas também centrais nos nossos dias. De realçar o seu contributo em prol da democracia pelo seu papel moderador, “respeitador das liberdades mas firme na defesa e prossecução do bem geral”. Um exemplo impossível em república este pequeno reinado de apenas seis anos de um jovem rei – dos 18 aos 24 anos – que deveria ser apontado como exemplo para os jovens do nosso tempo.
Quanto ao retrato da sala do Senado, é de seu irmão, já rei, D. Luís I, pois foi durante o seu reinado que a sala de reuniões dos Pares do Reino ficou concluída.
Nuno Potes Cordovil
Bibliografia : consultas à enciclopédia Verbo; http://www.arqnet.pt/dicionario/pedrov.html