Sonho querer ser alguém

Para os alunos, bem simpático.

Uso fala diferente,

E não me ligam vintém.

 

Vim pró Algarve morar

Com vontade de aprender,

Que isto de ensinar

É escola de bem morrer.

Busco nos livros saber,

Procuro outro primor

Que me eleve e saiba bem.

Com arte e muito labor,

Que me molda, inspira e tem,

 Sonho querer ser alguém.

 

É a vida um corridinho,

Gira à volta, sem parar.

Anda o pessoal mortinho,

Com vontade de mudar,

Mas sem se querer chatear

Vai seguindo a multidão.

Neste mundo bem apático

Ganha a vida o charlatão,

Com trajo emblemático,

Para os alunos, bem simpático.

 

Palra a pega, o papagaio,

O ministro, o deputado,

E mesmo sem outro ensaio,

Elaboram um tratado

Engrandecendo o estado.

Muitos vão nessa cantiga,

Assim se engana a gente.

Faltando uma voz amiga

Que nos leve para a frente,

Uso fala diferente.

 

Aulas com pouco trabalho,

Conversa e discussão.

Carta fora do baralho

Provocando reacção.

Não há bela sem senão!

Dois saberes se confrontam,

Nas diferenças de quem tem,

Novas metas que apontam

Para o exemplo de Alguém.

… E não me ligam vintém…

 

            28 de Junho de 2011

                ‘O Caldeira’, de Castelo Branco