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decordovanaturais

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Tem-se falado muito nestes últimos tempos da responsabilidade dos bispos em não entregarem os padre pedófilos à justiça dos tribunais.

Em meu entender não o têm de fazer mas deverão seguir os canones da Igreja de modo a prevenir futuros casos.

Quero com isto dizer que a Igreja deve desprezar (odiar) o pecado mas não o pecador. Muitas das vezes o conhecimento destes problemas é efectuado em âmbito de confissão pelo que o confessor não pode tornar público o que sabe, mas deve levar o pecador a afastar-se de tudo o que o leva ou facilita a pecar continuadamente. Quantos bispos não sofrem em silêncio pelos pecados dos seus padres?

A Igreja é formada por homens e enquanto tal por pecadores.

No entanto a Igreja é Santa. Não pelo mérito próprio dos seus membros mas pelo perdão dado, de uma vez por todas por Jesus Cristo ao assumir os nossos pecados.

Quando do episódio da mulher adúltera (Jo 8, 1-11), os escribas e fariseus, como todos os acusadores do nosso tempo, levam a mulher apanhada em adultério a Jesus para que a condene. No entanto Ele limita-se a escrever no chão com o dedo. Passado algum tempo, e com a persistência em exigirem o seu julgamento, Jesus "ergueu-se e disse-lhes: «quem de vós estier sem pecado seja o primeiro a lançar-lhe uma pedra!». E "recomeçou a escrever no chão". O que terá escrito não ficou registado no evangelho, mas deve ter sido algo que os acusadores leram e... "foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos".

Ao ficar só com a mulher, "que continuava ali no meio" Jesus perguntou-lhe onde estavam os que a acusavam. Ao registar a posição da mulher - "que continuava ali no meio", o evangelho mostra-nos a situação em que fica o pecador ao ter consciência do seu pecado: Destroçado, mas sem saber o que fazer. Jesus, um Mestre que ajuda os que precisam, voltou a perguntar: "Ninguém te condenou?" Esta pergunta parece descabida pois muitos tinham sido os que trouxeram a mulher. Queriam que Jesus a condenasse, mas ao ser-lhes mostrado que também eles eram pecadores, retiraram-se envergonhados por serem descobertos.

Jesus mostra misericórdia para com a pecadora mas não tem condescendência com o pecado: "Nem eu te condeno... Vai e doravante não tornes a pecar".

À Igreja repugna o pecado da pedofilia. Mais pelo acto em si do que por quem o comete. Claro que a entristece ainda mais quando o pecador conhece o mal que está a praticar. Da mesma forma como lhe repugna tantos outros pecados que se cometem por aí...

No Pai Nosso rezamos: "não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal". O homem é frágil e sujeito a tentação.

Eu cá por mim vou sempre dizendo: Deus me dê juizo até três dias depois de morto.

Ontem na televisão apareceu um senhor, que eu não sei o nome nem me interessa saber, defendendo a importância dos tais prémios aos gestores correspondentes até seis meses de gratificações, pois “podem querer oferecer um carro à mulher, comprar uma casa, fazer uma viagem, ou dar bons estudos aos filhos”.

Ao escutar aquelas razões quase chorei com pena do homem. Quem não deseja oferecer um carro, comprar uma casa, fazer uma viagem ou dar bons estudos aos filhos? Só que com o meu vencimento de mil e trezentos euros por mês, e sou um sortudo graças a Deus, bem posso continuar a ter estes desejos em ‘arquivo’ ou quando muito em prestações, enquanto estes pobres senhores podem fazê-lo em globo todos os anos.

Significa isto que a nossa sociedade sofre de uma injustiça gritante. Estamos, como também alguém dizia, no rebentar pelas costuras de uma economia podre.

Outro alguém chamava a atenção para o perigo destes senhores ainda assim ganharem menos que noutros países e se lhe retirassem estes benefícios iam todos para o estrangeiro. Que bom seria, pois muitos dos quinhentos mil desempregados de Portugal certamente poderiam colmatar estas vagas que surgissem, com bons resultados de produtividade.

Da minha insignificante análise verifico que:

a)       Estes prémios são dados em grandes empresas que ‘não conhecem o dono’ pois os capitais estão na mão de fundos de investimento ou de accionistas a quem não custou muito a ganhar dinheiro e que por isso nada lhes rala dar essas benesses, mesmo em prejuízo dos pequenos accionistas que poucos dividendos ganham;

b)      Se as empresas pagam subsídio de férias e de Natal aos trabalhadores, porque não se limitam a este patamar estes gestores (de topo e quadros superiores)? Tudo o que for pago a mais, mesmo que taxado em sede de IRS ( e há muitos destes valores que lhe passam ao lado) está a ser diminuído aos resultados das empresas e por isso à generalidade dos accionistas, aos trabalhadores, ao Estado e aos consumidores que por ventura poderiam comprar mais barato. Isto é, à conta dos shareholders estão a ser prejudicados todos os stakeholders;

c)      A nomeação destes quadros de topo, muitas vezes efectuada com base em amiguismos políticos ou de outro teor mas sempre de contornos pouco claros e de critérios muito subjectivos, não favorece a competitividade honesta de ascensão na carreira, dentro da própria empresa;

d)      A impunidade com que estes senhores se auto remuneram aumentando o fosso do leque salarial português abre feridas sociais difíceis de sarar;

e)      Se estas grandes empresas têm capacidade financeira para estes bónus, porque não diminuem os preços dos bens ou serviços de modo a melhorarem o poder de compra do cidadão comum? Ou porque têm de continuar a despedir trabalhadores que vão aumentar  o custo social do desemprego? Ou porque não aumentam ligeiramente os vencimentos dos trabalhadores de salários mais baixos?

Preconizo que esta empresas paguem um imposto suplementar ao Estado para que este possa fazer face às externalidades negativas acima enunciadas. Esse valor deveria ser igual ao valor pago a mais nestes prémios sobre o montante médio dos prémios pagos a todos os trabalhadores.

Com uma limpeza feita neste campo talvez se conseguisse paz social.

                                                                                                             O ‘Caldeira’, de Castelo Branco