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decordovanaturais

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06 Mar, 2011

Luta é alegria

Ao assistir ontem ao apuramento da canção portuguesa para o Festival da Canção fiquei um pouco banzado com o resultado.

 

As minhas opções tinham sido as canções um, nove ou doze. Não é que gostasse de qualquer delas para um festival internacional, mas pensei que talvez fossem as que poderiam ficar mais no ouvido do público. Temos de ter em atenção que a maioria dos assistentes não sabe português e é a melodia que os poderá fazer votar numa canção. Ou talvez a política…

 

Achei engraçado como aquela 10ª canção bizarra entrou no concurso e constatei que os seus figurantes estavam ali apenas para ‘armar barraca’, não é camaradas?

 

Não prestei muita atenção aos resultados que foram sendo apurados pelos júris distritais, sempre compostos por músicos, maestros, críticos de arte e outro pessoal erudito e tenho pena de não ter percebido exactamente o resultado no final da sua votação.

 

De repente dei comigo a ver como esta canção, da luta, ganhou o concurso. E perguntei para com os meus botões se teria qualidade para representar Portugal. É, certamente, uma música de intervenção com bastante aceitação por esta ‘geração à rasca’ que não tem emprego nem dinheiro para uma vida condigna. Vai ser a delícia da manifestação do dia 12 em Lisboa. Irá ser cantada como uma marcha de vitória. Compreendo que tenha sido votada por uma esmagadora maioria de pessoas, previamente concertada para o efeito e que com um sacrifício de 73 cêntimos (iva incluído) conseguiu dar uma demonstração democrática de como se pode alterar um resultado eleitoral. É política!

 

Talvez a ‘nossa’ canção não venha a ter grande aceitação na Europa. Mas já estamos habituados a fracos resultados por não apostarmos em músicas que fiquem no ouvido antes de ficarem no coração. Talvez não tenham grande resultado por os júris nacionais serem compostos por músicos, maestros, críticos de arte e outro pessoal erudito… Se fosse votado pela geração à rasca dos diversos países certamente o resultado seria diferente.

 

Para já, que o Governo fique atento a esta canção. Serão as situações do norte de África tão diferentes das nossas? Vale a pena pensar nisto.