Diário de um Retiro
Onde estás? (Gn 3)
Senhor, perguntas-me onde estou
E eu não sei responder.
Vejo-me muitas vezes caído
Sem saber o que fazer.
Na selva, com muitos trilhos,
Onde me perco tanta vez…
Ou num local bem escuro
E cheio de insensatez…
Onde estou, talvez não saiba,
Por no caminho me perder…
Iluminai, Senhor, minha vida;
Dai sentido a meu viver.
Meu Deus, perdão Vos peço
Deste errante caminhar.
Que eu descubra o rumo certo
Para em breve Vos encontrar.
4Mar2016 – no retiro dos Servitas
O que foi que se passou? ( Lc 24, 19)
O que foi que se passou?
Porque ando angustiado?
Para onde foge a paz,
No filme do meu passado?
A verdade é transparente
E convid’a ser sincero.
Serei forte e valente
Com medida e tempero.
Sou, decerto, pecador
Com palavras mentirosas,
Pensamentos bem mesquinhos,
Torpes acções acintosas…
Mas o que me dói mais fundo
São omissões preguiçosas
Quando podia fazer
Quaisquer obras valiosas.
Abre, Senhor, o meu espírito,
Que eu me possa conhecer.
Com Tua benevolência
Me consiga arrepender.
5Mar2016 – Retiro servitas
Tu amas-Me? (Jo 21, 15 – 19)
Ouço: «Nuno, tu amas-Me?»
(Vejo que já O neguei…)
A resposta dada agora
É dúbia, porque não sei.
Quantas vezes virei costas
Sem me querer comprometer;
Tantas outras O esqueci
Sem sequer me arrepender…
Se Jesus quer a resposta
Eu mesmo a deverei dar,
Mas sem conversa fiada,
Correcta, para apontar.
Se digo: meu Deus eu creio,
Adoro, espero e Vos amo,
Por três vezes, a confirmar,
O coração afirma-mo:
Vos peço perdão, Senhor
Pela vez em que não creio,
Não espero ou não adoro,
E me escondo porque receio
Que me vejas num desamor,
Repares no desassossego
Desta alma bem inquieta
E que procura aconchego.
6Mar2016 – Retiro servitas