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decordovanaturais

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Estas linhas são escritas ao ouvir nas notícias que pretendem destruir as estátuas de Cecil Rhodes e de outros agentes de mudança na África dos séculos XVI a  XX.

Toda a história está cheia de vitórias e de derrotas, porque a vitória de um é a derrota de outro. Tanta vez já se constatou que o herói de ontem passou a ser hoje considerado como vilão, e vice-versa…

Mas não acontece que os heróis de hoje são já considerados vilões pelos que estão, agora, a ser aniquilados, oprimidos, espoliados?

Considero que o comércio esclavagista foi hediondo, opressor, horrendo. Mas sem essa migração inumerável não haveria hoje a população afro- americana nos Estados Unidos nem no Brasil.

Será que se não fossem os sonhos e a tenacidade de ‘muitos’ Rhodes, África estaria agora muito melhor em termos sociais e de desenvolvimento? Quem delineou as redes de Caminho de ferro, os portos, as grandes metrópoles que ajudaram a desenvolver os actuais estados africanos?

Mesmo se falarmos em escravatura, terá sido o sr. Edward Colston e outros negreiros que foram buscar os escravos às suas aldeias? Não terão sido os régulos de alguns povos que aprisionaram inimigos e os venderam ao sr. Colston e a outros esclavagistas? Será que esses milhares de africanos que foram aprisionados e assim vendidos como escravos, teriam melhor sorte se não existissem o sr Colston e outros colegas seus? Ou seriam pura e simplesmente massacrados pelos régulos inimigos como ainda nos nossos dias se verifica em África?

Discordo da escravatura e dos métodos forçados e desumanos do sr Colston   e de outros como ele para com aqueles infelizes. Mas não posso lavar a história e fingir que tudo isso não aconteceu. Tenho, sim, é de convencer os políticos e os comerciantes do meu tempo a respeitarem os outros, os que se sentem agora destruídos, derrotados, aniquilados…

Será que os sobre endividados de hoje, os que não sabem como poderão levantar a cabeça pois estão subjugados por juros altíssimos, ou os desempregados sem dinheiro para comer nem pagar a renda, os que são obrigados a fugir das suas aldeias para não serem mortos sem piedade, não são aqueles a quem Hoje tenho de defender?

Coreia do Norte, Eritreia, India, Líbia, Paquistão, Somália, Sudão… Tantos países onde neste momento se constroem estátuas a heróis que são verdadeiros vilões e esclavagistas! No Afeganistão destruíram estátuas de Buda com centenas de anos porque os taliban não aceitam estátuas humanas; Na Síria, Burkina Faso, Iraque, fundamentalistas da al qaeda queimam igrejas, colégios, hospitais, matam a população, violam mulheres e raparigas, coagindo-as a mudar de religião; na Birmânia/ Myanmar fazem uma limpeza étnica aos rohindgyas… Há hoje muitos esclavagistas diferentes daqueles dos séculos passados, como já os houve para construir as pirâmides do Egipto ou para obrigar a remar nas galés romanas…

As torrentes migratórias dos nossos dias, rumo à Europa, são tão dramáticas como as de outros tempos.

Todos os povos devem ter direito a viver com dignidade nas suas terras, com os seus costumes e todas as pessoas têm direito a emigrar para alcançar outra esperança de vida, mas se imigrarem, que as possamos receber com benevolência e de braços abertos, sem medo que daqui a alguns anos exijam a destruição dos nossos monumento e menosprezem os nossos heróis de algum dia.