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decordovanaturais

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24 Jul, 2021

Ainda a tempo?

Moral e Ética são dois termos que se confundem um pouco, e convirá, talvez, distinguir o que se entende por um e por outro, numa sociedade em que se desvaloriza cada vez mais a moral, enquanto comportamento esperado e aceite, delimitado por vícios e por virtudes, num ‘vale tudo’ que não quer ter peias.

O diferendo existente neste momento a nível da União Europeia por causa de legislação aprovada na Polónia e na Hungria contra os desejos dos grupos LGBTIQ, a chamada lei "antipedofilia" da Hungria que, entre outras coisas, proíbe a "promoção" da homossexualidade e redefinição de género entre menores de 18 anos, apesar de muitos alertas de Bruxelas e da resistência de líderes da UE, tem muito que se lhe digaO Governo da Hungria vai ter de responder pela aprovação da lei que proíbe a divulgação a menores de idade de conteúdos relacionados com a homossexualidade ou a mudança de sexo. No caso da Polónia, o que está em causa é a declaração de “zonas isentas de ideologia LGBT”.[1] Parece assim que todos somos obrigados a aceitar que os nossos filhos sejam doutrinados e educados em princípios que nada têm a ver com a moral ocidental, judaico- cristã, aceitando como boa a ideologia de género.

Se é verdade que devo aceitar que ‘o outro’ tenha o ‘seu’ modo de pensar e de agir diferente do meu, não é menos verdade que a ‘sua’ liberdade não deve prejudicar a minha, isto é, pretendem que a tolerância por esta ‘diferença’ se transforme numa regra ou costume em que o ‘meu’ modo de pensar e de agir é rejeitado pela elite social e passa a ser criminalizado, por obsoleto. E isso, não posso eu aceitar, mesmo que seja politicamente incorrecto, que exceda a ética dos políticos.

Penalizar a Polónia e a Hungria por não aceitarem este modernismo de costumes vai traduzir-se numa submissão a este pequeno grupo dos LGBT, esquecendo que a História é como que uma roda e que outras civilizações terminaram desta maneira.

23 Jul, 2021

Dia dos Avós 2021

Recordação

Recordo com saudade os meus Avós maternos, que moravam paredes meias connosco e por isso tanto nos ‘aturaram’ durante a nossa infância e juventude.

Todos os dias um neto era escalado para ir almoçar ou jantar com os avós, o que nos ajudou a aprimorar as boas maneiras à mesa.

O Avô Miguel Potes era praticamente cego na sua velhice e também nos calhava irmos à vez ler-lhe o jornal em voz alta e fazer um pouco de companhia, o que não era nada monótono nem aborrecido, muito pelo contrário, pelos ensinamentos práticos que nos ia transmitindo.

Teria eu uns 12 anos, quando semeei uma castanha num vaso e nasceu uma pequena planta, o que me encheu de satisfação. Contei ao Avô, levando o vaso e a minha árvore de uns 10 cm de altura. Disse-me ele: vai à adega, e atrás da porta, encontras um cartucho de papel (como era hábito embalar na mercearia os produtos a granel). Traz cá. Lá fui e encontrei o tal embrulho, maior que o meu vaso com árvore e tudo.

O Avô abriu a boca do pacote e com grande parcimónia colocou um fiozinho daquele granulado à volta da planta. Mandou-me ir guardar de novo a embalagem e explicou-me que era adubo que faria a planta crescer melhor. Na realidade passados dias verifiquei, a olhos vistos, o resultado da adubação. Aí, resolvi ir sozinho à adega e tapei a terra do vaso com o mesmo granulado, talvez na esperança de ainda comer castanhas naquele ano, pois se um fiozinho tinha produzido aquele resultado, uma mão cheia seria o máximo…

No dia seguinte todas as folhas da minha planta estavam queimadas:  o meu castanheiro estava morto…

Não tive coragem de contar isto ao meu Avô, mas ficou-me a lição de que na vida tudo tem conta, peso e medida.

 

Sonho

Todos gostamos de sonhar! Não, para andarmos nas nuvens, mas porque desejamos ser donos da nossa vida e queremos ultrapassar o nosso dia-a-dia tão monótono e, por vezes, aborrecido.

O meu sonho de sempre é viver em paz, em harmonia, e feliz. Ora isto só pode acontecer se à minha volta as outras pessoas também possam viver assim.

Desde há 40 anos que sonho ter um lar para idosos em que os utentes se sintam como em suas casas, não todos à volta da parede esperando o nada enquanto vêem televisão, mas com salas de ocupação diversa, com oficinas, salas de leitura ou jogos, entretidos com croché, artesanato, jardinagem ou qualquer outra tarefa que gostem. O meu lar há-de ter portas abertas para que cada um possa receber os filhos, netos ou vizinhos, de onde possam sair a passear, ir ao banco ou à igreja, enfim, tal como faziam em casa, num envelhecimento activo. Por outro lado, há-de ser seguro para que aqueles que já não tenham capacidade de autonomia, se sintam livres de deambular pelo jardim, ouvir os passarinhos, acompanhar o crescer das flores, sem perigo de se perderem e sempre com o carinho discreto das acompanhantes/ vigilantes.

É um sonho que desejo tornar realidade, embora pressinta que vai ser difícil sem atritos com outros que não os directamente beneficiados. É que há inovações que não querem peias, e a liberdade é maior que a democracia.

Sei que o meu sonho não pode ser só meu, e desejo que outras pessoas colaborem no mesmo sentido, que todos os colaboradores se sintam mais missionários que empregados, no sentido de que o ser seja superior ao ter. Não quero que a obra seja minha, mas de todos, Nossa! Um sonho colectivo acima de um sonho individual.

Agradeço antecipadamente a todos os que colaborarem nesta realização que dedico a Sant’Ana e a S. Joaquim, os avós do Menino Jesus.

 

Oração

Pai Santo, Vos quero louvar pelo dom da vida.

Agradeço-Vos, Senhor, pelos meus Pais que me criaram e ensinaram o amor que tendes para com cada homem, pelos meus Avós que tanto me deram de conhecimento, de carinho e de bons conselhos, aturando-me nas minhas descobertas, designadamente pelo seu exemplo concreto. Mas Vos agradeço também pelas minhas Filhas, Netos, Tios, Primos, Sobrinhos, amigos e colegas com quem me cruzei ao longo da minha vida e com quem tenho participado nesta descoberta/ caminho para Vos encontrar.

De modo especial Vos agradeço a Esposa com quem me comprometi há quase 50 anos. Que nos bons e maus momentos possamos servir de suporte um ao outro. Ensinai-me, Pai Santo, a amá-la e compreendê-la em cada momento.

Que eu seja capaz, com a Vossa ajuda, de perceber e ajudar a perceber de que somos Vossas criaturas, de quem recebemos permanentemente um Amor gratuito e a vontade de retribuir, amando-Vos de coração sincero.

Quero pedir-Vos, meu Deus, o dom da Paz, para que não tenha medo de enfrentar problemas de qualquer espécie, na certeza da Vossa proximidade, e que saiba aguardar com serenidade e alegria o nosso encontro definitivo, em Vossa Casa. Ámen.

Évora, Dia dos Avós, 2021