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decordovanaturais

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Cá estamos no mês de Junho.

O calor volta a apertar e esperamos que não venha com muita força, de repente, para não secar tudo.

Em Évora festejávamos, nos meus tempos, os três Santos populares: o Santo António, com grande quermesse no Oratório de S. José, dos Padres Salesianos, onde havia imensas barraquinhas com rifas, tiro ao alvo, carrocel e carros de choque, e a Feira do S. João com as festas da cidade no dia de S. Pedro.

Quanto ao Santo António, as festas acabaram nos Salesianos porque a Câmara exigia pesadas contribuições, esquecendo que as receitas eram a favor de uma escola sem rendimentos e por onde passaram ao longo de gerações tantos rapazes sem outra possibilidade de estudarem. Resta agora, por esta altura, o arraial da Porta de Avis onde há bailaricos e outros folguedos.

A Feira do S. João era uma das maiores concentraçãoes económicas do Alentejo pois não existiam grandes lojas, stands de automóveis nem de máquinas agrícolas e era nesta altura que apareciam as novidades nessas áreas. Havia montes de barracas de quinquilharia, loiças e comes e bebes com os seus cheiros característicos, do peixe seco junto das barracas das palhinhas, das sardinhas, ou  polvo assados, no centro do Rossio, das panelas fumegantes dos feirantes que comiam e viviam no meio de todo aquele pó, dos queijos, linguiças  e presuntos já na rua ocidental. Posso dizer que também os carrinhos do algodão doce ou das farturas nos transmitiam os seus cheiros...

Se descessemos à Horta do Bispo tinhamos a exposição pecuária e perto do bairro da Senhora da Glória, a par de S. Sebastião era a feira do gado.

Por esta altura, havia duas corridas de toiros: no dia de S. João e no dia de S. Pedro. Normalmente, no dia de S. João a cidade era invadida por milhares de pessoas vindas de todo o país em autocarros ou mesmo a pé ou de charrete, das terras visinhas. No Domingo entre os dois santinhos havia um desfile histórico com trajes antigos. No S.Pedro a festa era mais caseira - para os da terra,  acabando a noite com fogo de artifício.

Recordo com saudade a incursão, com minha avó, para comprar o peixe seco com que se faziam deliciosas sopas e sempre acompanhada pela compra de novos chapéus de palha para o verão e alcofas novas lá para casa.

Quando deixámos de fazer queijos em casa também passámos a ir à feira para os comprar e isto tinha o seu quê de ritual pois era preciso provar as várias curas, saber a origem, etc. Não havia queijo com leite de vaca nessa altura. Só de ovelha e de cabra. Compravam-se lotes para as sopas de alface com queijo, muito duros e engelhados, e de meia cura ou já curados para as merendas . A fase do queijo fresco já tinha passado em Março e Abril onde íamos comprá-los aos alavões juntamente com o almeice donde se fazia, já em casa, o requeijão com uns grandes coadores de vários panos. Uma vez por outra, perto da Páscoa, dava direito a fazerem-se queijadas que em casa dos meus avós eram uma delícia.

E digam lá se não é bom recordar...