1.1 -Os elementos que considero importantes neste discurso do Papa Francisco em 3Mar2016:
- Envolvimento interpessoal contemporâneo;
- A Liberdade e a Verdade;
- A Consciência moral;
- As Virtudes, na prática da vida.
- Envolvimento interpessoal contemporâneo
Nesta sociedade em que vivemos, com o desenvolvimento das comunicações, globalização das economias, melhorias tecnológicas e amadurecimento científico, deveria haver mais homogeneidade no bem-estar de toda a humanidade. No entanto isso não se verifica. Os principais motivos provocadores desta chaga social são os interesses mesquinhos que colocam a ‘razão’ sobre a emoção, os interesses económicos sobre a harmonia social e cavam profundas separações entre ricos e pobres, com crispações religiosas, rácicas, de pigmentação, de cultura, ou civilizacionais. O Papa afirma que não são suficientes a ciência e a técnica: para praticar o bem: é necessária a sabedoria do coração.
Na verdade, os benefícios da ciência e da tecnologia não têm sido colocados ao serviço de todos, mas apenas de alguns mais privilegiados, levando à distorção das balanças comerciais e assimetrias nas trocas entre produtos elaborados e matérias primas;
- A Liberdade e a Verdade
Verifica-se que a Paz não pode ser alcançada no interesse do mais forte, porque será efémera, mas, para perdurar, necessita olhar ao benefício de todos, vencedores e vencidos, vendedores e compradores, ricos e pobres.
Nalgumas sociedades e em extractos sociais pontuais, deixou de se respeitar a sabedoria divina, julgando-se donos da verdade e do poder manipulador, pensando no seu bem-estar e não no Bem comum, esquecendo o coração e olhando para o próprio bolso. Daqui resulta a falta de liberdade de quem é coagido a trabalhar cada vez mais, para ter cada vez menos direitos e garantias.
A exportação de armas, por países tecnologicamente desenvolvidos, para países pobres e subdesenvolvidos traz, como consequência, a fome, a destruição e a emigração forçada.
Esquecendo Deus, a humanidade deixa de pensar como um corpo unido, para se envolver mortalmente entre grupos heterogéneos. Esquecem-se as virtudes e desenvolvem-se os vícios que ampliam as causas das discórdias.
Limita-se a liberdade de muitos em favor de muito poucos, deturpando a verdade contida na palavra de Deus ao chamar bem ao mal e mal ao bem.
Com a conspurcação da verdade nestes termos, as pessoas destas sociedades ricas vão-se ‘habituando’ às ‘novas verdades’ e as virtudes perdem-se ‘por obsoletas’; sem se darem conta, muito facilmente se apresenta o pecado, e depois o vício. Se os pobres padecem por ficarem mais pobres, estes ‘ricos’ ficam oprimidos por uma crescente angústia existencial;
- A Consciência moral
Há cada vez mais pessoas a constatarem esta anomalia social e congregam-se em instituições de solidariedade, tentando suster o problema humano que está à vista de todos. Mas infelizmente ainda existem muitos interesses económicos que o esquecem, não fazem caso e até se acham formidáveis (como no Processo Marquês). Verifica-se também, por exemplo, uma diferença de percentagem de população vacinada para o Covid, entre países ricos e países pobres, devido a condições comerciais agressivas e que manipulam prioridades legítimas. É um sinal pouco abonatório para as farmacêuticas que produzem e comercializam as vacinas.
- As Virtudes na prática da vida
É importante tornar transparentes estas situações de enganos em que sob o nome de virtudes se mascaram «vícios maravilhosos» e perceber que o homem se tem de lembrar continuamente da sua fragilidade humana, e pedir a Deus o dom do discernimento na busca do Bem global que tem de passar sempre pela verdadeira liberdade, no modo de pensar e agir do outro que está ao nosso lado, esteja perto ou longe.
1.2 – O discurso que o Papa dirige todos os anos aos participantes na Assembleia plenária da Pontifícia Academia para a Vida é actual, é pertinente, e é necessária.
É actual, porque infelizmente o problema se mantém hoje, como há cinco anos atrás. O homem não se sente comprometido com o outro homem e deixa milhões de pessoas deslocalizadas, famintas, doentes, sem condições dignas de salubridade;
É relevante, que o Santo Padre incentive as instituições comprometidas no serviço à Vida, a nível de pesquisa e de assistência, não só pelas acções boas que promovem, mas designadamente pela paixão que ajudam a brotar no coração de voluntários, parceiros e beneficiados;
É necessário, para sacudir a consciência das estruturas mais preocupadas com o interesse económico do que com o bem comum.
1.3 – Todos os pontos apontados são importantes para mim, mas no meu caso pessoal, penso que devo desafiar os que estão à minha volta a tomarem consciência moral de que o homem não é uma ilha, mas um arquipélago: Todos não somos de mais para tentar salvar a humanidade.
A partir desta responsabilização individual em cuidar de todos e de cada um, através da aplicação das virtudes, encaradas como graças que Deus nos concede em benefício de todos, terei de fazer foco na liberdade do outro, principalmente quando ela colide com a minha e, nesse sentido, buscar a verdade que é base da justiça, mas é suportada pela misericórdia.