Conversão diária
Converter significa transformar ou modificar para uma forma concreta, mudar para algo que se deseja.
Se é verdade que consegui ‘fabricar’ soldadinhos de chumbo a partir de velhos canos de água derretidos num cadinho e despejados para dentro dos respectivos moldes, como fiz centenas na minha juventude em brincadeiras que hoje sei terem sido perigosas pela inspiração de gases venenosos; Se tentei, ao longo da minha vida docente, incutir nos meus alunos alguns conhecimentos necessários e úteis, por vezes com muitas frustações, mas noutros casos com melhor resultado de que hoje recebo eco ao ouvir saudações de muitos que já não contacto há anos; devo constatar que também eu passei por um tratamento de modificação ou moldagem do meu modo de ser e de agir, que por vezes talvez tenha sido um trabalho árduo para meus Pais, Professores, Catequistas e Chefes, por causa da minha teimosia e falta de atenção. Mas talvez não seja necessário pintar um quadro tão negro pois alguma coisa me foi ficando… e moldando.
Aqui vou focar-me apenas na minha transformação religiosa de forma a tornar-me num cristão adulto.
Desde criança fui criado numa família cristã que me ensinou, pela palavra e pelo exemplo, a crer e a querer ser alguém responsável na busca do Amor de Deus. Tanto os catequistas como os chefes do Corpo Nacional de Escutas me foram ajudando a procurar ser autónomo nesta área. Também a pertença à Sociedade de S. Vicente de Paulo e à JEC, o Movimento por um Mundo Melhor ou o ingresso, já na vida universitária, nas Comunidades de Vida Cristã me ajudaram a não fugir muito aos princípios que tinha adquirido em Casa. Mas devo confessar ter tido um lugar muito importante, o conselho que me foi dado na minha primeira confissão para rezar três Avé Marias todas as noites. É que a certa altura da minha juventude foi só o que restou para além da missa dominical… É certo que fui um Cavaleiro da Imaculada desde os 10 anos, mas com poucos actos de cavalaria e alguns de vilania. Mas Nossa Senhora foi-me protegendo certamente.
Foi só na tropa, em Nampula, que recebi o Crisma e mesmo aí a minha prática religiosa era a Missa semanal e as três Avé Marias, acrescidas desde o casamento, da reza do Padre Nosso ao deitar, pela união do casal. É verdade, este Padre Nosso é muito importante pois algumas noites pode ser custoso de dizer.
Ao voltar à minha terra, já adulto na cidadania mas ainda criança na fé, foram-me presentes as catequeses do Caminho Neo Catecumenal e foi desde então que se me abriram os olhos e os ouvidos para buscar o Deus, que eu já conhecia de nome mas não me era muito próximo. Foi numa comunidade que caminhei durante 16 anos e onde aprendi a ler os textos bíblicos para me orientarem na minha busca. Ajudou-me também o ingresso na Associação dos Servitas de Fátima, com a minha aproximação a Maria e o Terço diário.
A partir daí uma nova caminhada na CVX e no Renovamento Carismático Católico. Sempre numa ânsia de conhecer, de saborear, de amar a Jesus Cristo, em resposta ao muito amor que Ele tem para comigo. O Espírito Santo me ajudará nesta busca pois a conversão não é um momento mas um caminho, tão longo como a vida. Às vezes com ‘picos’ de dúvidas, de incertezas, de escuridão, mas, felizmente com a protecção de Maria que já várias vezes me ‘empurrou para o rego’, para o caminho certo.
Por vezes sinto-me como o filho pródigo ao voltar para casa, mas noutras ocasiões estou mais perto de ser o filho 'submisso', o que ficou em casa mas está triste por não conseguir ver o Amor do Pai.
Embora ministro extraordinário da Comunhão, dos trabalhos de estudo no ISTE e na Formação à distância do Patriarcado, que agradeço, sinto quão longe estou de me sentir verdadeiramente convertido e peço a Deus que perdoe as minhas faltas e tenha misericórdia de mim.
Possa eu dizer, como os judeus: Para o ano em Jerusalém. Na Jerusalém celeste, entenda-se, no final da vida. Maranatá, Senhor Jesus!